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17 Abr 2020
Leitores escolhidos a dedo: Maria João Frade
Foi professora durante mais de vinte anos na Escola Superior de Educação de Lisboa. Em 2011, reformou-se das aulas e dos estágios, mas inaugurou uma vida nova na cidade de Setúbal. É ela o coração (os braços e os pulmões) da Casa da Avenida, um projeto que trouxe à cidade uma lufada nova de programação cultural.
A ideia da Casa da Avenida surgiu a Maria João num dia “cheio de luz”, em que subiu ao segundo andar de um prédio antigo da marginal de Setúbal. “Vi aquele espaço todo e pensei que tinha de o aproveitar para fazer qualquer coisa que me desse prazer, que fosse útil e entusiasmante.” A ideia ganhou pernas para andar e, desde então, os pés (e as pernas) da Maria João já galgaram os quatro lances de escadas desta casa alguns milhares de vezes.
A Casa é generosa: já recebeu exposições, conversas, concertos, lançamentos de livros, encontros com autores ou ateliers de continuidade para crianças. O ano passado, o tema escolhido foi o cérebro, com ponto de partida no livro “Cá Dentro” e este ano, o tema de reflexão é a paisagem. “Gostava que estes ateliers deixassem boas memórias nos miúdos e que pequenas coisas aqui vividas os ajudassem, mais tarde, a tomar decisões.”
Maria João continua: “Gosto de ligar coisas e pessoas. Preciso disto para estar viva. É serviço público à minha medida.” Escada acima, escada abaixo, parece nunca se cansar: “É um prazer sentir que esta casa já é de muitos, que muitos já lhe conhecem os cantos e encontram aqui um espaço para os seus projetos. Somos uma pequena comunidade, a que outros vão chegando.”
Um abraço à Maria João e à Casa da Avenida que sempre tão bem nos acolheram.
Créditos das fotografias: Anastasia Dyakova