7 perguntas a Nuppita Pittman

Nuppita é desenhadora e ilustradora e trabalha no mundo editorial. Estudou Design Gráfico e Ilustração na Escola Artediez (Madrid). Sempre quis desenhar sonhos, atraída pela arte bruta, pelo geométrico, o mínimo, o expressivo e a cor. Procura a essência das coisas e dizer mais com menos.

O seu projeto Nham foi o vencedor da 3ª edição do Prémio Serpa para Álbum Ilustrado, e acaba de ser editado pelo Planeta Tangerina. Para lhe dar as boas-vindas, quisemos conhecer um pouco melhor a autora e o seu trabalho.


Como nasceu este livro?

Nasceu da necessidade de fazer um livro mal comportado e sem um final necessariamente feliz. E também da vontade de tratar o livro como um objeto, que se transforma num brinquedo e implica o uso de vários sentidos: vista, ouvido, tato… Fazer um livro que, às vezes, se transforma em boca e morde (só um bocadinho) é um jogo divertido e que me ajudou a construir a estrutura do próprio livro. Agrada-me a ideia de que o livro se converta em algo mais do que um livro, adoro o livro físico. Creio que é imprescindível.


Sabemos que enviaste mais do que um projeto para o concurso de álbum ilustrado de Serpa. Dos livros que enviaste, achavas que este era o que tinha mais hipóteses?

Pois, a verdade é que tive sempre uma ligação especial a este projeto, por isso, penso que sim. Os outros dois projetos eram completamente diferentes. “Soñé” é a história de um gato que se vai transformando em coisas e personagens, através de reflexões ternas e bem humoradas. Não há uma história que ligue as páginas. O livro-acordeão “Mentira” é um projeto de auto-edição, um jogo de contrários entre e imagem e texto. Fala de animais e de sons (elementos de que gosto muito) e a verdade é que funciona muito bem com os leitores mais pequenos.


Preferes livros que dão fome, livros que mordem, livros que assustam ou livros que sossegam?

Prefiro claramente os livros que mordem! Há livros para todos os momentos e etapas e penso que estimular a imaginação e a brincadeira das crianças é muito bom. Primeiro porque, por serem crianças, a forma de os conquistarmos para os livros e para a leitura pode ser através de jogos e imagens bonitas e divertidas, claro. Por outro lado, penso também que uma parte da magia que existe nos livros para crianças sobrevive para sempre em nós e faz-nos ser adultos mais criativos e empáticos.


Escolheste o nome Nuppita Pittman por causa do som ou há uma história por trás?

Bem, na realidade, foi o nome que me escolheu a mim. Quando era pequena, havia uma lengalenga da Lupita e foi fácil passar de “Lupita” a “Nuppita”. Anos depois acrescentei o apelido (Pocero-Pitman) e também gostei como soava.


No teu trabalho como ilustradora e designer gráfica, fazes cartazes, sacos, prints, objetos… Encontras diferença entre esse tipo de trabalho e fazer um livro? Se sim, o que é diferente?

Tudo tem a sua parte interessante. Gosto de desenhar objetos porque acredito que uma casa ou um sítio com ilustração tem sempre alegria. Um livro é algo mais completo em que deves encaixar como num puzzle texto, imagem e ilustração, e tudo deve ser coerente. Mas como desafio é muito interessante e adoro isso.


Quais são os autores (de álbuns ilustrados) que são uma referência para ti?

Sou apaixonada pelo trabalho de Paul Rand como ilustrador. Adoro as suas imagens fortes e as histórias, simples e claras. Beatrice Alemagna é outra das minhas referências, tem livros com histórias bonitas, e gosto muito da maneira como usa a colagem e a liberdade com que desenha. Hervé Tullet também é uma referência pela sua forma de entender o álbum. Květa Pacovská tem livros que são autênticas obras de arte.


Qual foi o maior susto que apanhaste na tua vida? Nham!

Esta é fácil! Ganhar o concurso de Serpa (e foi uma grande alegria também).